sexta-feira, 24 de junho de 2016

Pseudo Esquerda e Oposição de Boutique


Antes de falar do assunto propriamente dito, acho que seria interessante, abordar o tema por um ponto de vista mais histórico. A separação entre esquerda, centro e direita nasceu exatamente da topografia revolucionária da Assembleia Nacional francesa, em 1789. Os representantes das classes convocadas à Assembleia não apenas estavam posicionados em lados diferentes, mas em alturas distintas. Os jacobinos ficavam à esquerda e também na parte mais alta do plenário, sendo por isso chamados de “montanheses”; a turma do centro, moderada e constitucionalista, era “a planície”; à direita, os aristocratas. O mundo mudou extraordinariamente, desde então - esquerda e direita, idem.
O que diferencia a esquerda da direita sempre foi e continua sendo sua posição frente ao “status quo”, “ao que aí está”. A esquerda questiona e fustiga o “status quo” - alguns de modo mais radical, até revolucionário; outros, de forma mais moderada, reformista. Desde que incomodem o “status quo”, são esquerda.
Todos os que partem do princípio de que “um outro mundo é possível”, como se diz no Fórum Social Mundial, são esquerda. Para fazer jus ao nome, as esquerdas precisam dar consequência ao seu pensamento irrequieto e ao inconformismo em relação ao que está aí semeando e fazendo brotar um outro Estado, uma outra forma de vida material e imaterial (cultural) e novas relações sociais. 
A direita, ao contrário, é defensora do “status quo”, mesmo que, para isso, precise, paradoxalmente, destruir o mundo que a rodeia.
A partir disso, vemos que existe um grande equívoco quando são confundidos os termos "esquerda" e "oposição". Não é porque um partido ou determinado político declara sua oposição ao governo que passa, imediatamente a ter uma ideologia de "esquerda". Isso no Brasil, acontece com certa frequência, dando ensejo ao nascimento de uma "pseudo-esquerda" e também a uma "oposição de boutique".
Opor-se a um governo de direita por meio de votos invisíveis é extremamente fácil e também muito cômodo. Me parece então que tais políticos se esquecem que o pensamento dito de "esquerda" é pensado nas ruas, no chão, juntamente com o povo. É levado aos que estão passando fome, aos que estão em dificuldades, não é algo simplesmente "cosmético".
Com o atual cenário político brasileiro..oportunistas surgem dizendo sempre terem defendido o povo. Mesmo que bem distantes dele. Mesmo tendo passado anos e anos sentados em gabinetes desconhecendo os problemas sociais que sempre ocorreram bem debaixo de seus narizes. Agora todos eles vão dizer que sempre estiveram em luta, que sempre se manifestaram contra os desmandos da política regional.  Na verdade sempre estiveram em luta para manutenção de seu status, de seus benefícios, posando de defensores da população. 
Em ano eleitoral então...nossa..como surgem defensores do povo, todos com belas palavras, com lindas promessas..mas a grande maioria com uma única intenção: Manutenção de Poder.  E não adianta dizer que o que importa é a pessoa e não um Partido Político. Candidatos comungam sim..com ideologias partidárias. Se assim não for...devemos desconfiar dobrado pois que aí sim, existem interesses bem mais escusos do que poderíamos supor. 
Temos que tomar agora, muito..mas muito cuidado com o pessoal de uma pseudo-esquerda..com os oposiocionistas de boutique. E mais..temos que nos questionar sobre o que queremos de fato em nossas vidas, em nossas cidades, em nosso País. 
São tempos difíceis em que todo desinteresse, toda omissão de nossa parte, poderão ter um preço muito..muito alto a ser pago. 


Sandra Besnyi

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